Há muito tempo deixamos de ser o que deveríamos ser, para sermos aquilo que possuímos, uma vez que, em sua grande maioria, aquilo que possuímos também é aquilo que nos possui. Mas não deveria ser assim.
Deixamos de usar o que temos, para o bom andamento de nossas vidas, para vivermos em função daquilo que possuímos. Ou seja, somos possuídos por aquilo que possuímos.
Nos esquecemos de quando éramos crianças e nada possuíamos, mas mesmo assim éramos felizes. E agora vivemos num ciclo vicioso que nos aprisiona cada vez mais e mais, nos tornando cada dia mais dependentes e amantes de nossos bens, a ponto de depositarmos neles toda a nossa felicidade, confiança e segurança.
É comum dizer que a nossa prioridade é Deus, mas não conseguimos deixar de amar aquilo que conquistamos e muito menos conseguimos nos imaginar longe daquilo que conquistamos.
Será que continuaríamos sendo agradecidos a Deus se acordássemos algum dia e não fossemos mais donos daquilo que hoje temos?
Amamos tanto aquilo que possuímos, sem nunca nos saciarmos. Querermos sempre mais e mais.
Amamos tanto os nossos bens e os bens que sonhamos um dia possuir, que somos capazes de distorcer a Bíblia, transformando assim a nossa idolatria pelo dinheiro em "prosperidade financeira".
Somos tão covardes e hipócritas que chegamos ao ponto de transformarmos o nosso pecado de idolatria em resultado de uma suposta consequência por nossa suposta "devoção", "amor" e "intimidade" com Deus.
Não estou afirmando com isso que ter bens e possuir uma situação financeira confortável é pecado. O que estou afirmando é que o pecado consiste em nos apegarmos tanto as coisas materiais, a ponto de sermos capazes de distorcer e aplicar a Bíblia de tal forma que o nosso pecado deixe de ser pecado e se torne um "virtude" (pelo menos diante dos olhares humanos).
As igrejas, que antes eram procuradas por pessoas que reconheciam que eram pecadoras e necessitadas do perdão e da graça de Deus, hoje são invadidas por pessoas que querem crescer, prosperar financeiramente. É claro que não generalizo, pois ainda existem igrejas sérias e comprometidas com a mensagem da cruz.
Mas infelizmente, o neopentecostalismo e sua mensagem distorcida sobre a prosperidade se espalhou com tanta força pelo Brasil a fora e pelo mundo, que a palavra "arrependimento" tem perdido completamente o seu sentido, bem como as palavras "amor", "perdão", "compromisso", "eternidade", "céu", "inferno" e por ai vai.
O mais decepcionante nisso tudo é que oramos tanto para um dia alcançarmos as TV´s a fim de pregarmos o evangelho e, quando finalmente esse dia chegou, o amor pela "prosperidade financeira" tomou o lugar do amor pelo evangelho e pelas pessoas perdidas.
Os "líderes" que antes lutavam contra a teologia da prosperidade, hoje são os seus maiores defensores e trazem em punhos essa maldita bandeira.
Clamo a Deus para que os verdadeiros líderes não se calem e se levantem com autoridade contra esse "novo evangelho" totalmente contrário a Bíblia que tem sido pregado em nossos dias.
Somos pecadores e necessitamos do perdão e da graça de Deus em nossas vidas. E não de dinheiro sobrando em nossas contas bancárias. É lamentável saber que de um lado da fé o dinheiro sobra, enquanto do outro lado da fé a necessidade é constante. "Ainda mais quando se sabe o que fazer, e não se faz" já diz a canção.
É muito triste ver as pessoas limitando o evangelho de Cristo simplesmente a vida material, ignorando assim a vida espiritual e consequentemente a eternidade.
Prosperidade financeira está relacionada a trabalho e dedicação e não a fé.
Devemos buscar a Deus pelo o que Ele é e por tudo o que Ele já fez por nós, e não pelo o que queremos que Ele nos faça financeiramente. Lembrando que não há pecado algum em pedir algo para Deus.
Quem se entrega a Deus esperando retorno financeiro está barganhando com Deus, ao mesmo tempo em que não existe entrega sincera alguma.
O evangelho de Jesus é sério demais! Não deve ser encarado e vivido dessa forma que temos visto.
Quebre o nosso orgulho Senhor e nos coloque novamente em seus santos caminhos, esta é a minha oração.
(Daniel Gummi A. de Souza)
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