"Porquanto, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se atormentaram em meio a muitos sofrimentos. Exortações aos homens de Deus." (I Timóteo 6:10)
Há muito tempo deixamos de ser o que deveríamos ser, para sermos aquilo que possuímos, uma vez que, em sua grande maioria, aquilo que possuímos também é aquilo que nos possui. Mas não deveria ser assim.
Deixamos de usar o que possuímos em função de nossas vidas, para vivermos em função daquilo que possuímos.
Nos esquecemos de quando éramos crianças e nada possuíamos, mas mesmo assim éramos felizes. Agora vivemos num ciclo vicioso que nos aprisiona cada vez mais e mais, nos tornando cada dia mais dependentes e amantes de nossos bens, a ponto de depositarmos neles toda a nossa felicidade e confiança.
Ou seja, dizemos que a nossa prioridade é Deus, mas não conseguimos deixar de amar aquilo que conquistamos e muito menos nos imaginar longe daquilo que conquistamos.
Será que continuaríamos sendo agradecidos a Deus se acordássemos algum dia e não fossemos mais donos daquilo que hoje temos?
Amamos tanto aquilo que possuímos, porém, sem nunca nos saciarmos e querermos sempre mais e muito mais.
Amamos tanto os nossos bens e os bens que sonhamos um dia possuir, que fomos capazes de deturpar a Bíblia e transformamos a nossa idolatria pelo dinheiro em "prosperidade financeira" com a lamentável "teologia da prosperidade".
Somos tão covardes e hipócritas que chegamos ao ponto de transformarmos o nosso pecado de idolatria em resultado de uma suposta consequência por nossa suposta "devoção", "amor" e "intimidade" com Deus.
Será que nesses tantos anos, ainda não compreendemos e nem aprendemos nada com o jovem rico?
Não! Ao dizer ao jovem rico que ele deveria vender todos os seus bens e reparti-los com os pobres, e então segui-lo, Jesus não estava dando início a nenhuma ideologia que seria usada centenas de anos depois por nenhum filósofo revolucionário. Ele estava apenas deixando bem claro para o jovem rico quem era o "deus" dele: o dinheiro.
Não estou afirmando com isso que ter bens e possuir uma situação financeira confortável seja pecado.
O que estou afirmando é que o pecado consiste em nos apegarmos tanto ao material a ponto de sermos capazes de distorcer e aplicar a Bíblia de tal forma que o nosso pecado deixe de ser pecado e se torne em virtude (pelo menos diante dos olhares humanos).
As igrejas, que antes eram procuradas por pessoas que se viam na situação de pecadoras e necessitadas do perdão e da graça de Deus, hoje são invadias por pessoas que querem crescer, prosperar financeiramente. É claro que não generalizo, pois ainda existem igrejas sérias e comprometidas com a mensagem da cruz.
Mas infelizmente, o neopentecostalismo e sua mensagem distorcida sobre a prosperidade se espalhou com tanta força pelo Brasil a fora e pelo mundo, que a palavra "arrependimento" tem perdido completamente o seu sentido, bem como as palavras "amor", "perdão", "compromisso", "eternidade", "céu", "inferno" e por ai vai.
Oramos tanto para um dia alcançarmos as TVs a fim de pregarmos o evangelho, mas quando finalmente esse dia chegou, o amor pela "prosperidade financeira" já era muito maior do que o amor pelo evangelho e pelas pessoas perdidas. Os "líderes" que antes lutavam contra a teologia da prosperidade, hoje são os seus maiores defensores e trazem em punhos essa maldita bandeira.
Clamo a Deus para que os verdadeiros líderes não se calem e se levantem com autoridade contra esse "novo evangelho" totalmente contrário a Bíblia que tem sido pregado em nossos dias.
Somos pecadores e necessitamos do perdão e da graça de Deus em nossas vidas e não dinheiro sobrando e carro do ano.
É muito triste ver as pessoas limitando o evangelho de Cristo simplesmente a vida material, ignorando assim a vida espiritual e consequentemente a eternidade.
Prosperidade financeira está relacionada a trabalho e dedicação e não a fé.
Devemos buscar a Deus pelo o que Ele é e por tudo o que Ele já fez por nós, e não pelo o que queremos que Ele nos faça.
Quem se entrega a Deus esperando retorno financeiro está barganhando com Deus, ao mesmo tempo em que não existe entrega alguma.
O evangelho de Jesus é sério demais, não deve ser encarado e vivido dessa forma que temos visto.
Quebre o nosso orgulho Senhor e nos coloque novamente em seus santos caminhos, esta é a minha oração.
(Daniel Gummi A. de Souza)
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