terça-feira, 24 de dezembro de 2019

SILÊNCIO: AMIGO OU INIMIGO?

Pare para pensar em sua rotina diária: Você se alimenta, você dorme, você acorda, trabalha, vai à faculdade, pega um ônibus, conversa com amigos, escreve um relatório, toma banho, etc, etc.

Entre tantas tarefas e compromissos, vamos nos atentar no exato momento no qual chegamos em casa: Qual costuma ser a primeira atitude que temos quando chegamos em casa?

Exatamente: Ligamos a TV ou colocamos uma música para tocar, pois precisamos ficar por dentro do que está acontecendo no mundo ou porque precisamos relaxar. Essas são as desculpas de sempre. É isso ou não é?

Geralmente colocamos uma música porque "precisamos relaxar". Mas acontece que durante todo o dia, todas as vezes que tivemos uma oportunidade, nós também paramos para ouvir uma música, seja no fone de ouvido, seja no carro.

Que tanta música é essa que ouvimos para relaxar?

Ouvir música é errado?

Claro que não. Não há erro algum em ouvir música. A música realmente é uma de nossas grandes aliadas. Uma dádiva de Deus para nós.

O fato é que, mesmo sem que percebamos, evitamos a todo o custo encararmos o silêncio. Até mesmo na hora de dormir, quando dormimos ouvindo música.

Fugimos do silêncio.

Evitamos ao máximo o silêncio.

Mesmo sem perceber, não queremos mergulhar no silêncio.

Algumas pessoas chegam até mesmo a afirmarem que não suportam o silêncio, pois o silêncio as incomoda.

A grande verdade é que mesmo de uma maneira involuntária, tememos o silêncio.

O silêncio nos leva a ouvirmos os nossos pensamentos, que nem sempre são bons pensamentos (o que consiste em um grande erro de nossa parte, pois deveríamos ocupar as nossas mentes com pensamentos saudáveis e sadios, uma vez que um cristão deve descansar no Senhor). É um erro que devemos corrigir.

O silêncio nos leva de volta ao passado, e com ele, revivemos momentos maravilhosos de nossas vidas, assim como momentos terríveis que passamos.

O silêncio nos traz a memória aquilo que muitas vezes queremos e lutamos para esquecer.

O silêncio nos faz viajar para o futuro, o que consiste em um outro grande erro, pois o futuro não nos pertence. O futuro pertence somente a Deus, e por isso acabamos sofrente antecipadamente por algo que provavelmente nem venhamos a viver.

Sonhar não é errado. Imaginar algo bacana que queremos viver um dia, também não é errado. Errado é viver com a mente presa ao futuro, sem confiar que Deus tem o melhor para nós.

O silêncio em muitos casos se torna muito cruel. Um verdadeiro carrasco. Principalmente quando nos coloca frente a frente com a saudade. Geralmente aquela saudade que nos dilacera.

Mas é no silêncio que também vivemos experiências maravilhosas e indispensáveis na vida de um cristão: Quando deixamos todas as outras atividades e preocupações do mundo de lado e entramos em um momento de profunda intimidade com o Deus criador da vida.

É exatamente no silêncio que nos abrimos para Deus e confidenciamos a Ele tudo aquilo que fizemos de errado, tudo aquilo que nos alegra, tudo aquilo que nos amedronta, tudo aquilo que nos constrange, tudo aquilo que realmente somos.

É no silêncio que paramos para ouvir o que verdadeiramente Deus tem a nos falar, sem barreiras, sem tumultos, sem interrupções.

É no silêncio, quando estamos em uma verdadeira sintonia com Deus, que temos a certeza de que realmente nós não somos deste mundo.

Isso mesmo! O silêncio tem o poder de nos colocar em sintonia com o nosso Senhor, como nosso Pai que está no céu, mas ao mesmo tempo habita dentro de nós, e sente um profundo prazer em ouvir tudo aquilo que precisamos falar.

Precisamos urgentemente fazer as pazes com o silêncio. Mesmo quando ele, o silêncio, teima em ser cruel conosco.

No evangelho de Mateus, capítulo seis, versículo seis, Jesus Cristo nos orienta a entrarmos em nosso quarto, fecharmos a porta e buscarmos ao Pai em secreto. Exatamente porque dentro de nosso quarto, de porta fechada, no secreto, entramos no silêncio. E no silêncio podemos realmente nos derramar diante de Deus.

C.S. Lewis disse: Há um céu aberto dentro de um quarto fechado quando começo a orar.

Tenho carregado em meu coração uma frase que diz: Posso tocar os céus sempre que os meus joelhos tocam o chão" - (DAS).

No silêncio rasgamos as nossas vestes, diante de Deus.

No silêncio todas as nossas máscaras caem, diante de Deus.

No silêncio somos realmente nós mesmos, diante de Deus.

Entre no silêncio.

Mergulhe no silêncio.

Faça as pazes com o silêncio.

Derrame o seu coração diante de Deus, no silêncio.

Não permita que o barulho determine o nível de intimidade que você terá com Deus.

Então o Pai, que te vê no secreto, te recompensará.


(Daniel Gummi A. de Souza)

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