sexta-feira, 24 de março de 2017

ONDE EXISTE AMOR CONDICIONAL, NÃO EXISTE AMOR SINCERO

Esses dias tão doridos para mim, me levaram a refletir sobre o amor; o amor que afiramos sentir pelos outros, bem como o amor que os outros afirmam sentir por nós, e como são as nossas atitudes diante daqueles que afirmamos amar, bem como as atitudes em relação a nós, daqueles que afirmam nos amar.
Será que estamos realmente valorizando a todos aqueles que afirmamos amar?
Será que realmente sabemos o que é amar?
Será que realmente amamos com sinceridade as pessoas?
Será que somos realmente amados pelas pessoas que dizem nos amar?
Observem que meus questionamentos não estão afirmando absolutamente nada; são apenas perguntas que surgiram após um período de análise do comportamento de diversas pessoas, das quais, eu me incluo, uma vez que, através dessa pequena análise, pude constatar que nem sempre as nossas atitudes condizem com aquilo que falamos.
Digo isso, porque existe uma distância muito grande entre dizer que se ama alguém e realmente amar esse alguém.
Palavras nem sempre condizem com a realidade!
Principalmente nos dias de hoje, nos quais a palavra "amor" tem sido tão banalizada, é fácil demais vermos pessoas afirmarem que amam uma pessoa, dar um beijo na testa ou no rosto dessa pessoa, como se realmente a amasse, e no fundo do peito sentir uma tremenda aversão por essa pessoa.
Como então identificar e separar quem realmente nos ama, dos hipócritas?
Como amar verdadeiramente, sem que haja o mínimo de hipocrisia em nós?
Eu acredito na existência do amor verdadeiro, no amor que não espera nada em troca; mas tenho a consciência de que se trata de um amor muito raro nos dias de hoje.
Claro que não estou generalizando, porém, todos nós sabemos muito bem do terrível jogo de interesses que existe em vários níveis da sociedade, onde quase nada mais é verdadeiro, e quase tudo é usado como um trampolim para se conquistar algo.
Tenho visto muitas fórmulas, muitas regras, muitas barreiras, muitos julgamentos, bem como muitas execuções, e em contrapartida, tenho percebido um grande descaso, uma grande rejeição e uma grande falta de respeito com os sonhos daqueles que não conseguem se encaixar dentro do esquema que foi criado.
Ouvi algo muito perturbador em certa ocasião, que me leva até hoje a refletir nas palavras que me foram proferidas. Determinada pessoa afirmou de uma forma bem mansa, porém enfática e por fim, dilacerante, que "no fim das contas, as pessoas sempre acabavam fazendo aquilo que essa determinada pessoa queria, mesmo quando pensavam e queriam algo diferente daquilo que essa determinada pessoa julgava ser o correto".
Até hoje me pergunto: Será que realmente existe amor ou ao menos o mínimo de consideração pelos outros, onde existe esse tipo de pensamento e atitude?
Lanço esse questionamento simplesmente porque acredito que o ponto de vista, bem como as ideias de cada pessoa e seus sonhos, devem ser levados em consideração, uma vez que nada nesse mundo sobrevive sem que exista um elo de confiança e de credibilidade unindo as pessoas envolvidas em determinada tarefa ou função.
É o amor que nos leva a confiarmos em alguém e darmos credibilidade a esse alguém; mas como todos nós sabemos, o amor quando é correspondido é muito saudável e traz paz ao coração.
O amor, a dedicação, a boa vontade, o respeito, o conhecimento, o desejo de crescer e se desenvolver em algo ou em algum lugar, nada disso tem valor, quando não se aceita ou não se consegue viver em um lugar onde existem padrões pré-estabelecidos, onde o amor ao ser humano é deixado em segundo ou terceiro plano.
Precisamos reencontrar o caminho do amor sincero, do amor sem inveja, do amor sem interesses, do amor que não é oportunista!
Por onde anda esse amor?
E quando pergunto por esse amor, tenho convicção de que o amor incondicional de Deus por nós, permanece inabalável!
O que me assusta e me preocupa profundamente, é perceber que o amor que parte de nós, o amor que também deveria ser incondicional, só existe em muitos casos, e mesmo assim, de forma bem superficial, quando certas condições favoráveis a sua existência, são observadas.
Para onde caminharemos dessa forma?
Como conseguiremos viver sem amarmos e sem sermos amados com sinceridade?
Quando é que o ser humano deixará de ser tratado pelo próprio ser humano como um número, como parte de uma estatística?
Até quando olharemos no espelho e contemplaremos um hipócrita sociável e politiqueiro?
Até quando seremos o oposto daquilo que exigimos que os outros sejam conosco?
Até quando cobraremos das pessoas aquilo que nós mesmos não temos a capacidade de realizar?
Até quando conseguiremos viver como sepulcros caiados?
Até quando apontaremos os ciscos nos olhos dos outros, enquanto vivemos com uma trave enorme fincada profundamente em nossos próprios olhos?
Até quando encararemos os nossos erros como "simples erros ou erros simples" e classificaremos os "simples erros ou erros simples" dos outros como erros monstruosos e imperdoáveis?
Até quando viveremos cobrando o amadurecimento e o desenvolvimento dos outros, enquanto agimos como crianças mimadas?
Até quando?
Que Deus, em sua profunda sabedoria e graça, nos proteja de nós mesmos, de nossas atitudes desprezíveis e do amor condicional e falso, que tão de perto nos rodeia!

(Daniel Gummi A. de Souza)


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